sexta-feira, 30 de setembro de 2016

As possibilidades que o amor desperta


Michele Müller

"A inspiração é uma visita que sempre chega de surpresa", escreveu o filósofo e poeta irlandês John O'Donohue em sua mais conhecida obra, Anam Cara (Amigo de Alma), repleta de pensamentos moldados pela riqueza imaginativa celta. Mas para isso, precisamos deixar uma porta aberta – o que requer atenção ao que está dentro e fora de nós. 

O reconhecimento e a valorização da beleza e de tudo o que ela nos ensina é, sem dúvida, um convite a essa visita sempre bem-vinda. E poucos escreveram de forma tão fascinante sobre a beleza que envolve os mistérios da vida. Seus escritos, portanto, são um chamado à inspiração, a um olhar mais atento e mais presente para os encantos do mundo que nos cerca.
" Todas as possibilidades de seu destino permanecem adormecidas na sua alma. Estamos aqui para perceber e realizar essas possibilidades. Quando o amor entra em sua vida, dimensões não reconhecidas de seu destino acordam e florescem. A possibilidade é o coração secreto do tempo".

"O coração é a face interna da vida. A jornada humana luta por mostrar a beleza dessa face. E é aqui que o amor se encontra em nós. O amor é absolutamente vital para a vida humana. Apenas ele pode acordar o que há de divino em nós. Quando aprendemos a amar e a nos deixar ser amados, voltamos para o coração de nosso próprio espírito. Ficamos protegidos e aquecidos".

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Sobre convicção e mudança

“Eu me contradigo? Pois bem, então me contradigo. Sou amplo, contenho múltiplas dimensões”, escreveu Walt Whitman em um de seus mais aclamados poemas. Virgínia Woolf também nos coloca em confronto com as grades erguidas pelo pensamento rígido e pela nossa interpretação das expectativas alheias. No ensaio "Montaigne" (1924), em que discorre sobre o pensador francês, ela lembra que a contradição é a condição básica do pensamento livre e da escrita autêntica.

 "Deixemos ir embora a fama, as honrarias e todos os cargos que nos deixam em obrigação para com os outros. Deixemo-nos fervilhar sobre nosso incalculável caldeirão a nossa enfeitiçadora confusão, nossa miscelânea de impulsos, nosso perpétuo milagre – pois a alma vomita maravilhas a cada segundo.
Movimento e mudança são a essência do nosso ser; a rigidez é a morte; o conformismo é a morte: vamos dizer o que nos vem à cabeça, vamos repetir, nos contradizer, deitar fora o mais insensato dos absurdos e seguir as mais fantásticas fantasias sem nos importarmos com o que o mundo faz ou pensa ou diz. Pois nada importa a não ser a vida e, naturalmente, a ordem".